terça-feira, 7 de outubro de 2014

Em grupo vamos mais longe...

Reunir, ajudar, compartilhar uma vida... esta também é intenção deste blog. Por isso, pedi o auxilio de amigos soropositivos de um grupo que pertenço para que colaborassem com essa empreitada. Assim, abram-se as cortinas, mostrem seus corações e emocionem-se com histórias de pessoas maravilhosas  que o HIV  atingiu, mas que o VIVER é cada dia mais forte e a SUPERAÇÃO é nosso sobrenome!


HISTÓRIA DE VIDA 1


"Claro que a palavra POSITIVO no papel ninguém quer ler"
Ora, se eu contasse tudo que já vi e por tudo que já passei ia dar um livro, hahaha, brincadeiras a parte, meu nome é Davi (sim, é Davi mesmo), tenho 22 anos, não sou da região do Vale, todavia compartilho com vocês um pouco da minha história.
Eu comecei minha vida sexual um pouco cedo, com 12 anos já tive minha primeira experiência, talvez por isso eu tenha amadurecido um pouco mais rápido que meninos da mesma idade que a minha (na época), mas isso não vem ao caso, naquela época ouvia-se falar em prevenção, não tão enfaticamente como hoje, mas havia esse papo de camisinha e tudo mais, só que uma criança de 12 anos, por mais “madura” que poderia ser, não se atentava a esses detalhes.
Tive várias experiência a partir de então, dos meus 12 aos meus 16 fui meio “porra louca” mas raríssimas as vezes que não me protegi. A partir dos 16, com uma mente mais formada, tomei mais cuidado em minhas relações, mas nunca me “firmei” com alguém, sendo que, dos 16 aos 17 foi o ano que mais tive contato sexual. Depois de muitos contatos, “estabilizei”, a partir dos 17 anos parei de me relacionar, talvez tenha perdido o desejo, o apetite sexual, sei lá, talvez por ter conseguido o meu primeiro emprego, tenha auxiliado nesse processo.
Saí de tal empresa quando tinha 18 e pouco antes da minha saída, comecei a estudar, todavia não sigo a área em que me formei técnico. Por conta do técnico comecei a estagiar em um órgão público dentro da USP e nesse intervalo entre primeiro emprego e estágio tive mais alguns envolvimentos, dois deles sem proteção e um que a camisinha veio a estourar.
Comecei o estágio, com mais ou menos 1 mês de estágio, adoeci, peguei uma faringite fortíssima (pelo menos foi o que os médicos disseram, hoje sei que já foi uma etapa aguda do contágio com HIV) tive sintomas típicos de dengue, dores no corpo, dores de cabeça, manchas vermelhas pelo corpo, etc, todavia fui diagnosticado com a tal da faringite e os médicos não fizeram exame específico para HIV nem para dengue (o que podia ser já que na época teve um início de surto em SP e a USP é mato puro, hahaha). Depois de duas semanas de tratamento a base de antibióticos fortíssimos, melhorei, e resolvi sair do estágio por conta da distância em relação ao trabalho, ETEC e minha casa.
Depois de um ano, e com uma cabeça bem melhor, resolvi, por vontade própria, fazer o tal do teste, e convidei uma amiga íntima minha para fazer também, pois ela teve exposição de risco com o ex namorado. Depois de colher o material para exame no CTA do Sta. Cruz, esperamos o resultado. Como colhemos ao mesmo tempo, fomos chamados ao mesmo tempo, cada qual com uma assistente social diferente. Foi então que recebi o diganóstico. Claro que a palavra POSITIVO no papel ninguém quer ler, mas eu sempre fui meio frio e calculista para determinados assuntos, o que me ajudou a receber tal notícia, confirmei aquilo que eu suspeitava desde a época do estágio, eu me tornara, oficialmente, portador do HIV. Naquele momento não esbocei nenhuma reação esbaforida, peguei o resultado e fui pra casa, assim que minha mãe retornou do trabalho, dei a notícia, foi um chororo só. Mas ela, muito apegada a igreja (assim como eu) logo “superou”.
Fui encaminhado a uma CTA próxima da minha casa, no primeiro dia que fui, para pegar guias de exames, marcar consultas, e derivados, mamãe também foi. Ela perguntou tudo que quis para os assistentes e os médicos que estavam de plantão, aliás, ela também é da área da saúde e não é nenhuma leiga no assunto, mas como aconteceu com o filho dela, talvez tenha ficado um pouco “burra” a respeito. É aquela velha história, pode acontecer com o vizinho mas não com a gente, rsrs.
Hoje em dia, completo 2 anos de tratamento, mas pelo meus cálculos, 3 anos de contágio, levo uma vida TOTALMENTE normal, cuido mais da minha alimentação, tomo meus dois remedinhos (Biovir e Efavirenz) que não provocaram efeito colateral NENHUM, e posso dizer que vivo melhor hoje do que antes, pois tenho o cuidado de me cuidar.
Fiz amizades maravilhosas nesse meio tempo, que aqui escrevem.
Saibam que HIV não é nenhum bixo de sete cabeças, é um percalço na vida, talvez coisa do destino, não sei.
O amanhã a Deus pertence, não fico na neura esperando loucamente pela cura, acho que se acontecer, aconteceu, ficarei feliz, mas enquanto não acontece, continuo a viver.
Abraços a todos.

domingo, 14 de setembro de 2014

No Vale tem soropositivos?

Esses dias fui fazer exame de HIV (que faço a cada 3 meses), mas como sabem não faço na cidade onde moro, pois afinal todos se conhecem.
Quando cheguei no local, mais uma vez, estava vazio. Sempre está vazio! E a pergunta é: Há soropositivos no vale? Claro que há! Mas onde estão?
Criei esse blog como uma forma de atingir esse público em específico. Os interioranos não tem para quem contar seus momentos convivendo com o HIV e por isso deixei este blog a disposição de todos. Para falar, gritar, chorar, cantar... enfim se expressar e se comunicar. E como está o blog? (cri cri cri - Tenho que entrar aqui sempre- para tirar o pó rsssss)
Preciso efetivamente da ajuda de pessoas, preciso encontrar os soropositivos que estão escondidos em cada cantinho deste Vale histórico. Onde você estão? Onde vocês estão chorando ou sorrindo?
Onde podemos NOS ajudar?


domingo, 6 de julho de 2014

Três vezes feliz em apenas 1 comprimido!

Quando meu namorado me perguntou o que eu achava sobre a pílula 4 em 1, disse em um tom animado " Tá bom". "Está bom porque não é você que toma."-ele retrucou.  Mas preciso me explicar pois o meu "tá bom" é um pontinha de esperança que será melhor e que, talvez, amanhã, a as Tarvs, sejam mensais. Não seria Ótimo?

Estou desesperançoso com relação a este blog, onde estão os soropositivos do Vale do Paraíba para se unir a nós e contar sua história?



 Agora sim a notícia do meu "Tá bom!":

O Ministério da Saúde (MS) iniciou a oferta da dose tripla combinada, o chamado três em um, dos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). Atualmente, esses fármacos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e consumidos, separadamente, pelos pacientes com portadores de HIV e aids. O novo tratamento será ofertado, em um primeiro momento, para dois estados que possuem as maiores taxas de detecção. A dose fixa combinada será disponibilizada gradativamente aos demais estados do País.

O principal ganho com o novo medicamento antirretroviral está na redução do número de pacientes que deixam de dar continuidade ao tratamento. Isso porque a disponibilidade das três composições em um único comprimido facilita a ingestão permitindo boa adesão ao tratamento e durabilidade do esquema terapêutico.

Essa combinação de medicamentos integra o Protocolo Clínico de Tratamento de Adultos com HIV e aids do Ministério da Saúde, publicado em dezembro de 2013, e será disponibilizado como tratamento inicial para os pacientes soropositivos. Considerado um importante avanço, o Brasil passa a garantir o tratamento três em um, a exemplo de países como Estados Unidos, China e África.

A partir de agora, pacientes destes dois estados passam a tomar, em dose única, os medicamentos: Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). O tratamento será disponibilizado, inicialmente, para pessoas que sejam identificadas como soropositivo a partir da data de publicação do anúncio do Ministério da Saúde (27 de junho de 2014). Estima-se que cerca de 11 mil pacientes devam ser atendidos nos dois primeiros estados. Os medicamentos já estão disponíveis nos estados do Rio Grande do Sul e Amazonas. A medida se estenderá gradativamente aos demais estados do país e a todos os pacientes soropositivos.
O Ministério da Saúde (MS) iniciou a oferta da dose tripla combinada, o chamado três em um, dos medicamentos Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). Atualmente, esses fármacos são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e consumidos, separadamente, pelos pacientes com portadores de HIV e aids. O novo tratamento será ofertado, em um primeiro momento, para dois estados que possuem as maiores taxas de detecção. A dose fixa combinada será disponibilizada gradativamente aos demais estados do País.

A partir de agora, pacientes destes dois estados passam a tomar, em dose única, os medicamentos: Tenofovir (300 mg), Lamivudina (300 mg) e Efavirenz (600 mg). O tratamento será disponibilizado, inicialmente, para pessoas que sejam identificadas como soropositivo a partir da data de publicação do anúncio do Ministério da Saúde (27 de junho de 2014). Estima-se que cerca de 11 mil pacientes devam ser atendidos nos dois primeiros estados. Os medicamentos já estão disponíveis nos estados do Rio Grande do Sul e Amazonas. A medida se estenderá gradativamente aos demais estados do país e a todos os pacientes soropositivos.

http://www.portalaz.com.br/noticia/geral/299357_pacientes_com_aids_comecam_a_receber_medicamento_3_em_1.html



domingo, 22 de junho de 2014

E há tantos por ai...


"... nunca saberão sobre nossa soropositividade"
Nesses dias fomos a festa de uma amiga em um clube da cidade. No meio da festa comecei a devanear sobre os possíveis amigos que estavam ali, que talvez também tivessem HIV e não soubessem. Não designei esses pensamento a quem é Gay, não; Mas a todos sem exceção: idosos, homens, mulheres...
Hoje temos uma outra visão para as histórias de amigos (um modo até meio preconceituoso, eu diria). Eles contam experiências sexuais sem camisinha, sexo anal, transmissão de gonorreia, que eu e meu namorado nos olhamos disfarçadamente, pois eles pensam apenas numa possível gravidez, e só!
Aqui no interior acredito que as pessoas pensem menos ainda no risco infecção , pois não conseguimos abertura para falar diretamente sobre este fato. O centro de testagem da minha cidade fica dentro do postinho, em uma sala no meio do corredor. É mais fácil já colocar uma placa no meio da testa: "Vou colher sangue para saber se tenho HIV". Dai se explica porque pouquíssimas pessoas tem acesso ao exame.
É impressionante que antes de você ter estar com o problema em suas mãos, ele não é realidade em sua vida. Quem pensou um dia: " Sem dúvida terei HIV e isso vai mudar minha vida" NINGUÉM, eu creio! Os héteros menos ainda. 
Na adolescência ,nas raríssimas vezes que falávamos sobre o vírus entre amigos, não tocávamos diretamente no nomenclatura, brincávamos com conceito do Livro Harry Potter para o personagem Voldemort , chamávamos o HIV de "Aquele que não pode ser nomeado" e batíamos 3 vezes na madeira, para isolar. 
Por fim não há como saber se alguns dos nossos amigos são soropositivos. Acho que nunca saberemos, assim como acredito que nunca saberão sobre nossa soropositividade.

"Segundo levantamento feito pelo Ministério da Saúde e pelo Unaids (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids), há no Brasil entre 490 mil e 530 mil pessoas infectadas pelo HIV. Dessas, 217 mil estão em tratamento, mas outras 135 mil não sabem que têm o vírus" Veja mais no Site do Dr. Dráuzio Varela

Com um fio de esperança espero reunir o maior número possível de soropositivos neste blog e formarmos uma corrente de ajuda e auxílio para qualquer estágio de contaminação. 
Comece comentando abaixo:

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Oi, positividade!

Seria terrível da minha parte apenas chegar neste blog e não contar o real motivo de dar o primeiro passo em busca da união de soropositivos do Vale do Paraíba.
E vou direto ao assunto: Eu não tenho HIV. Então porque criar um blog para positivos, visto que a última coisa que um soronegativo quer falar é realmente sobre hiv, retroviral, camisinha, etc etc? PORQUE  eu convivo a um ano diretamente com o Mundo do Hiv.
Tudo começou com o final de um relacionamento de 5 anos, uma união de escovas de dente que acabou indo por água abaixo por probleminhas banais do dia a dia paulistano .  Então com o termino do relacionamento, voltei a morar no interior de São Paulo, no Vale do Paraíba, mais especificamente. Fiquei 6 meses separado do meu ex, mas acabamos voltando porque percebemos que realmente nos amamos. Neste tempo de separação ele foi contaminado e só fomos descobrir meses depois (ele terá a oportunidade de contar todos os detalhes o que aconteceu em posteriores posts).
Quando o resultado dele saiu positivo, eu não tive dúvida: Eu fui infectado, afinal fizemos sexo sem camisinha diversas vezes. Tive todos (T-O-D-O-S) os sintomas do vírus na fase de encubação, ou como também é chamado: infecção aguda. Sete dias de uma febre infernal, uma dor de cabeça, a bendita Cefáleia, dor muscular, Faringite e Candidíase. Eu tinha certeza do laudo final nos exames: Positivo.
Fui até São Paulo, pois seria impossível fazer o exame no interior. Imagina receber o resultado da minha vizinha que é enfermeira no postinho da esquina, ou até mesmo entrar na sala do CTA que fica próxima a fila gigantesca do SUS. Não!
No CTA Santo Amaro fui bem atendido (ninguém conhecido) , pouca fila e lá fui fazer o exame. Da primeira vez tive que tirar quase uma ampola ( Hoje em dia o exame se baseia a um furo no dedo) e esperar os minutos mais intermináveis de minha vida. Obvio, que por mais que eu estivesse passado por todos os sintomas, há sempre um fio de esperança . A mocinha que faz uma avaliação com você, sei lá se é psicologa ou enfermeira, me chamou. Eu entrei na sala. Ela colocou o teste em cima da mesa. Eu voltei no tempo, pensei em toda minha vida. Suei frio e o resultado eu vi: NEGATIVO.
Cai em um choro descomunal, incessável. Ela me perguntou: Vai continuar namorando com um soropositivo? Resposta: Sim!
E hoje, depois de um ano, fazendo exames de 4 em 4 meses, continuamos juntos.Em meio a retrovirais, CD4 e vocabulário próprio da positividade, nos relacionamos muito bem, ou até mesmo melhor que antes, pois agora temos um cuidado surreal um com o outro. Amor sem fronteiras.
Ele também mudou para o interior e percebi o quanto é difícil a acessibilidade do soropositivo na sociedade, até mesmo para entrar na sala cheia de plaquinhas: FIQUE SABENDO! ou para fazer o exame de HIV e conferir CD4. No interior tudo é mais complicado, pois há pessoas conhecidas em todos os cantos. Com quem conversar? Para quem contar? Com que blog interagir se não nenhum entende o que realmente se passa por aqui. Eu, meu namorado e amigos positivos seremos representantes deste blog para conseguirmos a união positiva-curiosa-ou-negativa de interiorano de todos os cantos. Experiência vividas e compartilhadas estarão aqui a sua disposição. Seja bem vindo. Oi, positividade!